Quantas vezes me vejo indagado acerca do motivo pelo qual a cidade do Vaticano (única monarquia absoluta ainda existente na Europa) é considerada um dos estados mais ricos do Mundo... Para responder a esta questão vou agora usar o exemplo português, aproveitando o facto de se assinalarem 900 anos do nascimento do nosso primeiro grande rei, D. Afonso Henriques. É do conhecimento geral que os Estados Papais (os territórios de Sua Santidade ocupavam uma faixa de terreno bastante considerável na península itálica) comandavam os destinos da Europa medieval e renascentista. Todos obedeciam à autoridade papal... Decorria o século XII quando D. Afonso I quer ver a independência do recém-nascido Reino de Portugal reconhecida pelo Papa, desejo este apenas concretizado no ano de 1179 através da bula Manisfestis Probatum por Alexandre III. Portugal era agora um país independente e vassalo da Igreja Católica. Note-se que esta vassalidade se demonstrava através de presentes (grandes quantidades de ouro e outras riquezas) oferecidos à corte papal. Conclui-se que os estados medievais da Europa não poupavam para agradar a Sua Santidade.
Esta tendência foi agravada nos século XV e XVI, com a descoberta do Mundo por parte de Portugal e Espanha. O exemplo máximo da submissão à Santa Igreja é a embaixada de D. Manuel I no ano de 1513 na cidade de Roma: composta por mais de cem pessoas, este "esbanjamento" teve como objectivo mostrar à Europa o poderio do Império Português. Sublinhem-se os animais oriundos dos continentes africano, sul-americano e asiático, como o elefante que executou uma tripla genuflexão ao Papa, ou até as moedas de ouro atiradas ao povo de Roma!
Melhor exemplo é difícil de arranjar. Espero ter sido útil na compreensão da origem da riqueza do Vaticano dos dias de hoje.
